Vasco

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sábado, 20 de agosto de 2011

ADHEMAR, O CAMPEÃO ENQUADRADO

A partir de 1955, o Vasco da Gama passou a contar com um dos principais atletas da história desportiva brasileira, Adhemar Ferreira da Silva.
Como representante da “Turma da Colina”, ele conquistou cinco títulos no atletismo carioca; dois do Troféu Brasil; o ouro do salto triplo das Olimpíadas Melbourne-1956 e o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Chicago-1959 (valeu um tri).
 Depois disso tudo que você leu sobre a fera, concorde que, as vezes, a glória nada vale. Pelo menos, aconteceu com este campeão, após o Sul-Americano de Atletismo-1952, disputado na Argentina. Adhemar voltou alegre, sorridente, desceu ao avião exibindo o troféu para a torcida brasileira, mas nem imaginava o que estaria à sua espera.
Incrível! O prefeito da capital paulista,  Jânio Quadros –  8 de abril de 1953 a 31 de janeiro de 1955 –, ao tomar conhecimento de que Adhemar havia ausentado-se das suas funções de servidor municipal, para buscar medalha dourada para o desporto brasileiro, mandou descontar em seu salário os dias faltosos.
Foto reproduzida da
revista Esporte Ilustrado
Jânio Quadros nem era prefeito na época daquele Sul-Americano disputado em Buenos Aires e, ainda, ameaçou demitir o campeão, por causa de uma entrevista em que ele demonstrara a sua ira pela punição, que incluiu rebaixamento de posto.
Mais incrível, no entanto, era a assessoria técnica, ou jurídica, da Prefeitura de São Paulo não saber que havia norma do (extinto, em 1993, pelo presidente Fernando Collor) Conselho Nacional de Desportos-CND, pelo decreto-lei 3.199, de 14 de abril de 1941, garantindo liberações de atletas de seus respectivos empregos, mantendo os vencimentos, quando fossem representar o país no exterior.
Portanto, os burocratas da assessoria da municipalidade paulistana tiveram 13 temporadas para conhecerem a lei e informar, corretamente, ao chefe. Mesmo assim, Adhemar foi enquadrado no regulamento para todos os colegas. Nem o ditador Getúlio Vargas, que regulava o desporto com mão-de-ferro, o fazia.        
 Primeiro e único atleta brasileiro bicampeão olímpico, depois do aborrecimento com Jânio Quadros, o campeoníssimo Adhemar foi para a australiana Melbourne-1956, com a energia de um atleta vascaíno, e saltou 16m35cm. Depois disso, o Brasil gastou 48 temporadas para voltar a ter bicampeões olímpicos – os iatistas Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira, em na grega Atenas-2004.
Se tivesse optado por ser atleta profissional nos Estados Unidos, em vez de ser amador no Brasil, com certeza, Adhemar Ferreira da Silva teria ficado rico. Não precisaria, duas temporadas após ele ter passado a pessoa espiritual, a sua filha Adyel vender as suas duas medalhas do ouro olímpico.     


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