Vasco

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quarta-feira, 18 de junho de 2014

26 - NO MUNDO DA COPA - PAULO VICTOR

Em 82, você era nome certo na seleção brasileira, e  não foi...
Chamaram o Paulo Sérgio, o Valdir Peres e o Carlos. Fiquei frustrado. Mas, em 83, o Cléber Camerino me convocou para a seleção pré-olímpica. Aliás, fiz três pré-olímpicos como titular. Em 84, cheguei à seleção principal, que frequentei até 87.

Foi o Edu Coimbra quem lhe convocou para a seleção principal...
Sim. Estreei vencendo o Uruguai, por 2 x 0 no Mineirão, com gols do Arthurzinho e do Assis.

A imprensa divulgou que você torceu contra o Brasil, quando o Carlos Alberto Silva lhe colocou no banco...
A verdade é: todo o time havia jogado mal contra a Colômbia, no Pré-Olímpico de 87, e o treinador fez várias mudanças para o jogo seguinte. Como me barrou, tirei satisfações, ele não gostou e surgiu aquela história. Junto a isso, houve uma saída de alguns jogadores da concentração, para procurar o lateral Eduardo "Cachaça", e eu estava no grupo. As duas coisas valeram o meu corte, em 87.

Na Copa de 1986, você foi como segundo goleiro, deixando o Leão como o terceiro. Porque não barrou o Carlos?
Eu estava numa fase muito boa, tinha sido titular da seleção em vários jogos com o técnico Evaristo de Macedo, que caiu e foi substituído pelo Telê, que tinha uma espécie de dívida com o Carlos, que fora reserva em 82.

Se você fosse o Carlos, defenderia o pênalti que eliminou o Brasil, contra a França?
Aquela foi a única cobrança que ele foi certo. Caiu para o lado esquerdo, a bola bateu na trave, nas costas dele e entrou. Pela maneira que o francês bateu na bola, eu iria para o canto oposto. A bola bateria na trave e não entraria. Digo isso baseado no meu jeito de agir, só saindo após analisar as intenções do cobrador.

Porque os goleiros brasileiros, dificilmente, são capitães de seus times?
R - A distância entre o árbitro e o goleiro dificulta. Por exemplo: se houver um lance de interpretação duvidosa na área do adversário, não dá pro goleiro ir lá reclamar. Mas Rogério Ceni e o Marcos capitanearam seus times.
 
Os treinamentos para goleiros eram melhores, no passado, ou ficaram ultrapassados?
O específico não mudou muito. O que mudou foi a regra para o goleiro, que hoje só têm cinco segundos para  repor a bola e está proibido de defender, com as mãos, a bola que lhe é atrasada. área. Em 1984, o João Carlos Travassos já me fazia treinar com vendas nos olhos, na cama elástica, na trave e no plinton, coisas de ginástica olímpica, e até na piscina de saltos ornamentais. Era um treinamento diferenciado, que não se faz hoje, porque os treinadores de goleiros não evoluíram.
A estatura dos goleiros cresceu bastante. Se você jogasse hoje...
Com 1,86 m de altura seria um goleiro baixo. Mas o goleiro pode compensar isso com talento, caso do Castillo, do Botafogo, que mede 1,81m. Além disso, há o ditado atribuído a Neném Prancha (técnico de futebol de areia, no Rio dos anos 60): não adianta ser tão grande que não dê para chegar embaixo, e ser tão baixo que não dê par chega em cima. Creio que a estatura do goleiro deva ser mediana.
 O material de trabalho do goleiro melhorou muito?
É muito melhor do que no meu tempo. As luvas, por exemplo, nem se falam. Mas, em 1983, quando cheguei à seleção brasielira, já havia coisa de melhor qualidade. Só o que piorou para o goleiro foi a bola, por estar mais veloz, obrigando-o a retarde seu movimento para fazer uma defesa difícil. Tal velocidade tem matado muito o goleiro nas faltas de fora da área.
A medalha de ouro olímpica é a única que alta ao futebol brasileiro. A quem diga que o Fluminense poderia tê-la dada ao Brasil, em 1984...
O nosso presidente, o Manoel Schwartz, brigou para não liberar todos os seus titulares para a seleção olímpica, quando éramos campeões brasileiros, apontados como o melhor time do País. Era um clamor nacional. Então, o Internacional representou o Brasil e voltou vice. Aposto que poderíamos ter destino melhor, pois tínhamos um time muito experiente.
No Flu, o treinador Carlos Alberto Parreira, campeão mundial em 1994, era um estrategista?
Ensaiou muitas inovações. Anote duas: jogadas rápidas pelo meio-de-campo, com Delei saindo rápido e o centroavante Washington buscando jogadas. Outra: quando o zagueiro acompanhava o Washington, o Delei lançava nas costas do marcador, para Washington fazer a volta por trás do beque e sair de frente pro gol. Mais? Quando cruzávamos bolas no primeiro pau, o Assis saía para o cabeceio, em vez de ficar parado. Também, o Tato, que só batia com a direita, teve de aprender a jogar pela direita. O Flu inovou o 4-4-2, com o Romerito fazendo o meio-de-campo com Jandir, Delei e Assis, deixando Washington e Tato na frente. Só que o Romerito era versátil, caía pela direita e confundir a marcação adversária. Isso ajudava o Flu a jogar coeso em todos os seus setores.


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