Vasco

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domingo, 6 de julho de 2014

NO MUNDO DA COPA - PELÉ NO MUSEU

O campeonato de alfinetadas entre Pelé e Maradona parece não chegar ao fim. Em uma das rodadas, o “Rei do Futebol” declarou que “El Diez” só estava no cargo de treinador da seleção argentina porque andava com os bolsos vazios. Rápido, Don Diego foi ao ataque e disse que “aquele rapaz moreno da camisa 10 deveria voltar para o museu”. Fez questão de não falar o nome do "Craque do Século XX".
Seguramente, Maradona, deveria estar chamando Pelé de “velho gagá”, tendo em vista que o "desafeto" rumava para fazer 70 anos de idade. Mas, poderia ser, também, que Diego Armando estivesse fazendo alusão à estátua que homenageia o mito brasileiro no museu de cera da Madame Tussaud´s, uma das maiores atrações artísticas de Londres.
O Pelé de cera, que se parece muitíssimo com ele foi produzido na época da Copa do Mundo da Inglaterra, em 1966, com a clara intenção de promovê-la. Usava chuteiras e o então chamado agasalho de frio, verde e amarelo, da antiga Confederação Brasileira de Desportos, a antecessora da Confederação Brasileira de Futebol, e fora trabalhado no seu exato tamanho natural, de 1,71m de altura. O museu, como se sabe, reúne as maiores figuras da história do planeta. Para explorar a popularidade de Pelé, que seria a maior atração daquele Mundial de Futebol, e valorizar mais a peça, além de torná-la simpática aos visitantes ingleses, a administração da casa a colocou do lado de um ídolo dos gramados nacionais, o lendário ponta-direita Stanley Matthwes.
Em seus primeiros dias de vida, o Pelé de cera despertou grande curiosidade. A única bola fora nesse lance fora chutada pelo zelador. Quando dava os últimos retoques na estátua, para exposição pública, permitiu que a imprensa a fotografasse sem a bola que deveria estar em suas mãos (foto). Perdoável! Nem tudo sai perfeito em uma Copa do Mudo, como, por exemplo, o que deveria ser a maior atração, o Brasil, caiu fora ainda na fase inicial.
Pelé marcou o primeiro gol do Mundial-66, cobrando falta, contra a Bulgária, nos 2 x 0 de 12 de julho. Naquela partida, apanhou tanto, que não deu para jogar em Hungria 3 x 1 Brasil, três dias depois. Pra piorar, em Portugal 3 x 1 Brasil, em 19 de julho, atuava sem as condições mínimas. Pra completar o serviço, o português Moraes lhe aplicou tamanhas bordoadas, que o deixou capengando, fazendo número em campo, pois ainda não eram permitidas as substituições.
Pelé não estava bem para disputar aquele Mundial. Garrincha, também, embora o presidente da CBD, João Havelange, o exigisse, mesmo com o aviso do médico Histon Gosling, de que o "Demônio das Pernas Tortas" não tinha mais condições de disputar uma Copa do Mundo. Para a plateia, a comissão técnica dizia que o "Rei" estava apto. No entanto, ele andava receoso em sofrer uma nova distensão, como a que o afastara da Copa-62. Enquanto o supervisor Ernesto Santos tentava passar que o problema do camisa 10 era psíquico, não físico, a verdade era que o atleta santista não se julgava completamente curado da distensão de quatro anos passados, pois vinha sentindo fisgadinhas no músculo adutor da coxa esquerda. Assim, fez mais sucesso no museu. Se a debochada de Maradona tivesse ocorrido em 1966, quando ele estava com cinco anos e dois meses, faria sentido.

                             26 DE ABRIL DE 1970: PELÉ NA RESERVA

Em 7 de julho de 1957, Pelé estreava na Seleção Brasileira, substituindo Del Vecchio, na partida em que o Brasil perdeu, por 2 x 1, dos argentinos. Mas o garoto não deixou de comparecer à rede. Naquele dia, o futuro “Rei do Futebol” usava a camisa canarinha de número 13, a qual voltaria a usar, 13 anos depois, em 26 de abril de 1970, no Pacaembu, em São Paulo.
Da segunda vez em que foi o 13 da Seleção, Pelé trabalhava para a Copa do Mundo de 1970, no México. O treinador era Mário Jorge Lobo Zagallo, seu colega nas conquistas dos Mundiais de 58 e 62, e o compromisso um amistoso que terminara no 0 x 0, com a Bulgária. Ao site oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Zagalo explicou: “Eu chamei o Tostão e perguntei se ele estava disposto a jogar mais à frente, funcionando como uma espécie de pivô. Foi escalado e, com sua inteligência e talento, acabou sendo um dos jogadores mais importantes da campanha do tricampeonato”.
Enquanto Pelé esquentava o banco, o cruzeirense Tostão usava a camisa 10. Em entrevista, também, ao site oficial da CBF, ele contou: “O Zagallo tinha convocados dois centroavantes, Roberto Miranda, que era o titular, e o Dario. Como eu seria o reserva do Pelé na Copa, ele quis ver com eu me sairia na posição. Por isso, o Pelé ficou no banco”– entrou no segundo tempo. Segundo Zagallo, ele desejava jogar com um centroavante de ofício, Roberto Miranda, seu goleador, no Botafogo, com presença mais fixa na área. Como Tostão não tinha tal característica, seria o reserva de Pelé, no México. “Como do Pelé eu sabia do que esperar, queria ver o Tostão jogando de saída, pois poderia precisar dele na Copa como ponta de lança”, revelou o Lobo ao site www.cbf.com.br.
A Seleção Brasileira daquele dia foi: Félix; Carlos Alberto, Brito, Joel Camargo e Marco Antônio; Clodoaldo (Rivelino) e Gérson; Jairzinho, Roberto Miranda, Tostão (Pelé) e Paulo César (Edu). Três dias depois de colocar Pelé no banco, Zagallo mudou de idéia e deu a camisa 9 a Tostão.
Zagallo havia assumido o comando da Seleção em 22 de março, vencendo o Chile, por 5 x 0, no Morumbi, com gols de Roberto Miranda (2), Pelé (2) e Gérson. Depois em 26 de março, 2 x 1 sobre os mesmos chilenos, no Maracanã, com gols de Carlos Alberto Torres e Rivelino, e um 0 x 0, com o Paraguai, em 12 de abril, também no Maracanã, com Dario, o Dadá Maravilha, e Pelé formando a  dupla ofensiva.
No último amistoso da Seleção, antes da viagem para o México, em 29 de abril de 1970, no Maracanã, o Brasil venceu a Áustria, por 1 x 0, com gol de Rivelino e a dupla de ataque sendo Pelé/Tostão. Contra a Áustria, o Brasil jogou com Félix, Carlos Alberto, Brito, Wilson Piazza e Marco Antônio; Clodoaldo, Gérson e Rivelino; Rogério (Jairzinho), Tostão (Dario) e Pelé. Foi a despedida da Seleção no Maracanã com 57. 370 pagantes. Na foto ao lado (reproduzida do Jornal de Brasília), o "bancário" Pelé exibe uma cara de poucos amigos, ao lado do goleiro Emerson Leão, escondido, lá atrás, Dirceu Lopes.
           
                                                              A ERA PRÉ-PELÉ

O diretor-provedor do Bauru Atlético Clube, João Fernandes, achava que não poderia haver time pior do que o dele. Até que, um dia, perdeu a paciência. Mandou toda sua rapaziada embora e colocou um anúncio no "Diário de Bauru", convocando garotos, de 8 e 16 anos, para formar uma equipe infanto-juvenil. Só para a primeira peneira pintou uma centena deles, dos quais o treinador Valdemar de Brito – meia–direita da seleção brasileira de 1934 – encontrou 25 com jeito pra a coisa, entre eles um pirralhinho que fez o diabo com a bola. Pronto! Estava nascendo o Baquinho e Pelé.
O time de João Fernandes estreou em 29 de outubro de 1953, empatando, por 3 x 3, com o Gérson Franca Futebol Clube. No segundo jogo, sapecou 21 x 0 no São Paulo – time amador de Bauru –, com sete gols de Pelé. No ano seguinte, o Baquinho conquistou o título da Liga Bauruense de Futebol, com seis rodadas de antecedência, num ano em que jogou 33 vezes, marcando 148 gols, média de 4,5 por jogo. O presente da garotada foi jogar na capital, contra o Flamengo, da Vila Mariana, na preliminar de Araraquarense x América de São José do Rio Preto. Resultado: 12 x 1 para o Baquinho, com seis gol de Pelé.
Em 1955, o Baquinho foi bi bauruense, mas em 56 acabou. De sua parte, Pelé entrou para o futebol de salão. Por pouco tempo, pois Valdemar de Brito o levou para o Santos, das estrelas Pagão, Del Vecchio, Jair Rosa Pinto e Zito. No mesmo ano, o futuro "Rei do Futebol" marcaria aquele que é considerado o seu “gol marco zero”, no dia 7 de setembro, contra o Corinthians, de Santo André-SP, num amistoso em que o Santos goleou, por 7 x 1. Ainda naquele 1965, ele faria outro gol, em 15 de novembro, nos 4 x 2 sobre o Jabaquara.
Viria, então, 1957, e Pelé encantaria o Maracanã, vestindo a camisa do Vasco, que formara um combinado, com o Santos, para disputar um torneio internacional, a aça Morumbi, reunindo, ainda, Flamengo, São Paulo, o Dínamo, de Moscou, e Os Belenenses, de Portugal. No dia 19 de junho, ele marcaria três gols do combinado – primeiros tentos internacionais –, nos 6 x 1 sobre os portugueses. Depois, mais um, no 1 x 0 sobre os então soviéticos (22.06); outro, no 1 x 1, com o Flamengo (26.06), e ainda mais outro, no 1 x 0, sobre o São Paulo (29.06).
Quando setembro chegou, “outro 7 de setembro” pintou na vida de Pelé. Um ano após marcar o seu primeiro gol santista, ele balançou as redes, pela primeira vez, com a camisa da Seleção Brasileira. Foi durante o primeiro jogo válido pela Copa Roca, no Maracanã, contra a Argentina, diante de 60 mil pagantes. Para formar um time, o treinador Sílvio Pirillo tivera problemas na convocação, pois os clubes faziam seus caixas, na época, excursionando ao exterior, e não queriam ceder as suas estrelas. O Botafogo,m por exemplo, negou Nilton Santos, Garrincha e Didi, enquanto o Flamengo não cedeu Dida e Dequinha. Pirillo, então, resolveu apostar em dois garotos que vinham arrasando, Pelé, no Santos, e Mazzola, no Palmeiras. De quebra, entregou ao vascaíno Bellini a braçadeira de capitão.
A princípio, a Seleção mostrou-se desconjuntada. Sua defesa não atuava compacta, o meio-de-campo tinha Zito sobrecarregado e, na frente, os pontas Maurinho (São Paulo) e Tite (Santos) eram figuras decorativas. Mais organizados, os argentinos ainda tinham o grande Labruna, que abriu o placar, aos 14 minutos, ao receber um passe, de calcanhar, de Herrera, e bater por baixo do goleiro Castilho (Fluminense).
Era preciso mudar. No intervalo, a torcida que se lembrava das atuações de Pelé pelo combinado Vasco-Santos passou a gritar pelo nome do garoto. Pirillo estava nos vestiários e não ouviu. Mas tivera a mesma intuição. Para o segundo tempo, tirou o centroavannte Del Vecchio (Santos) e mandou a campo o “pirralho”,de 17 anos. E não deu outra. Com um minuto, Pelé empatou o jogo. Moacir (Flamengo) lançou, Pelé recebeu o passe e, de pé direito, com uma cama impressionante para um garoto de 17 anos, colocou a bola à esquerda da “lenda argentina” Nestor Carrizo.
Com Pelé, a seleção subiu de produção, mas ele sozinho não foi capaz de impedir que os argentinos vencessem, por 2 x 1, devido a um erro do goleiro Castilho (Fluminense), que errou numa reposição de bola, para o lateral-esquerdo Oreco (Corinthians). Surpreso, Bellini ficou parado. De posse do “presente”, Labruna só fez repassá-lo a Juárez, que desempatou, aos 38 minutos: Argentina 2 x 1, numa tarde em que o maior cronista esportivo brasileiro da época, Nélson Rodrigues, nem citou Pelé em seu artigo sobre o jogo, na Manchete Esportiva
Três dias depois, no Pacaembu, em São Paulo, diante de 70 mil pagantes, Pelé faria a sua segunda partida e marcaria o seu segundo gol pela seleção brasileira, recebendo passe de Mazzola, que marcara o segundo da vitória, por 2 x 0, na segunda partida contra os argentinos, pela Copa Roca. Como o Brasil tivera melhor saldo de gols, Pelé começou a sua vida canarinha logo como campeão – há 50 anos.
FICHA TÉCNICA - - Data 7.09.1957; Brasil 1 x 2 Argentina; Local: Maracanã; Árbitro Erwin Hieger (Áustria); Público: 60 mil pagantes, Gols: Labruna e Juárez (Arg) e Pelé (Bra). Seleção Brasileira: Castilho; Paulinho de Almeida, Bellini e Jadir. Oreco e Zito (Urubatão), Maurinho, Luisinho, Mazzola (Moacir), Del Vecchio (Pelé) e Tite. Técnico: Sívlio Pirillo. Argentina: Carrizo; Pizarro, Vairo e Giansera; Néstor Rossi (Guid) e Urriolabetia; Corbatta, Herrera (Antonio), Juárez (Blanco), Labruna e Moyano. Técnico: Guillermo Satábile.


 PELÉ GOL-100 
Foi em cabeçada o “Gol 100” da Seleção Brasileira. Aconteceu no dia 21 de junho de 1970, não Estádio Azteca, na Cidade do México. Rolou durante a vitória do Brasil, sobre a Itália, por 4 x 1, conquistando o tri da Copa do Mundo. Quem marcou? ELE. Eram jogados 17 minutos, quando o “Rei Pelé” subiu mais do que todas a zaga da Azzurra e mandou a “Maricota” dormir lá no fundo do filó, na presença de 107mil pagantes.


Foto reproduzida da revista "O Cruzeiro"

O prélio foi apitado pelo alemão Rudi Glöckner e o time canarinho, escalado por Mário Jorge Lobo Zagallo, formou com: Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Rivellino; Jairzinho, Tostão e Pelé.
Do grupo “trilegal”, Brito e Fontana haviam formado uma tremenda zaga vascaína na década-1960. Pouco tempo depois de trazer o caneco Tostão, autor do “Gol 105” do escrete nacional, também passou a ser um cruzmaltino

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