Vasco

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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

TRAGÉDIAS DA COLINA - IPOJUCAN

O meia alagoano Ipojucan Lins de Araújo foi um dos maiores ídolos da torcida vascaína, durante uma fase de rodagem do  “Expresso da Vitória”, um dos times mais fortes do planeta. Mass saiu de São Januário magoado com os cartolas, chorando não ter recebido a atenção, a consideração, o respeito que entendia merecer.
A vida “colineira” de Ipojucan começou pelo time juvenil, em 1942, quando ele tinha 16 anos de idade. Em 1944, já estava no time A e sendo campeão carioca. Em seguida, comemorou um tri pela categoria acima, a dos aspirantes-1945/46/47. Em 1948, voltou a colocar faixa no peito, por uma série que movimentava os jogadores reservas. Repetiu a carregada de “caneco”, em 1950 e em 1952, na última viagem da “locomotiva”, naquele ano formando o ataque com Sabará, Alfredo II, Ademir e Chico Aramburu, sob o comando do treinador Gentil Cardoso.
Entre as várias categorias pelas quais jogou, os seus principais títulos vascaíno podem ser definidos como os de campeão carioca de 1945/47/50/52 e o do Sul-Americano de Clubes Campeão, em 1948, no Chile, o primeiro de um time brasileiro no exterior. Ele foi, também, um dos responsáveis pela primeira conquista da Seleção Brasileira lá fora, o Pan-Americano-1952. Por tudo aquilo que fizera, ao deixar São Januário, em 1954, para defender a paulistana Portuguesa de Desportos, Ipojucan não queria que fosse da maneira que queixava-se. Lembrava ter honrado muito a “Turma da Colina”.
Foto reproduzida da Revista do Esporte
No site oficial do clube (www.crvascodagama.com.br) ele ganhou poucas linhas de definição. Apenas isso: “Atacante de 1,90 era habilidoso e criativo. Se utilizando bem das jogadas de efeito sempre, o jogador foi diversas vezes peça importante para gols vascaínos.
De 1944 a 1953, Ipojucan Lins de Araújo esbanjava lançamentos inteligentes e passes certeiros. Ajudou intensamente na conquista do campeonato estadual de 1950, dando um passe brilhante para Ademir marcar o gol que garantiu a vitória. Também integrou a seleção brasileira em algumas oportunidades”.
Ipojucan foi considerado um futebolista acima da média. Encantava a torcida vascaína, pela sua categoria. Improvisava jogadas e distribuía toques geniais, deixando os centroavantes até com vergonha de fazer o gol. Casos de Ademir Menezes, na final de 1950, quando marcou o tento da vitória (2 x 1) sobre o América, e de Vavá, em 1952,  (4 x 2) diante do Bangu.
Embora fosse alagoano, Ipojucan começou a vida boleira no Rio de Janeiro, para onde a sua família o levara, garotinho. Rolava a bola no bairro da Piedade e foi convidado a defender o infantil do River, pelos finais das década-1930. Pouco depois, já estava no Canto do Rio, do qual pulou para o Vasco da Gama, em 1942. Uma outra razão que o fazia chorar a maneira pela qual queixava-se ter saído do clube era ficarem esquecidos os seus 225 gols marcados, em 413 partidas – é o quarto “matador” da Colina, atrás de Roberto Dinamite, Romário e Ademir Menezes.
Consagrador de artilheiros, Ipojucan era, também, um amante das baladas e um inimigo dos treinos. Ele negava, mas falou-se que teve cirrose, em seus últimos tempos de vida – o último  foi em 19 de junho de 1978, em São Paulo, e passou percebido, pois a Seleção Brasileira disputava a Copa do Mundo.
Depois de quatro anos como atleta das Lusas, em 1958 virou treinador. Os problemas de saúde chegaram-lhe em 1966, quando teinava o Noroeste, de Bauru. Consumiram-lhe perto de cinco anos de tratamento, até que, em1970, a irmã Iraci doou-lhe um rim, e ele tornou-se um dos primeiros transplantados do continente.
Mesmo com a dor dos problemas de saúde, a dor maior de Ipojucan foi estar, no dia 11 de maio de 1955, no Maracanã, o seu “palco de gandes exibições”, vestindo a camisa  do adversário cruzmaltino, vendo velhos companheiros – Vitor GoRnzalez; Paulinho de Almeida e Bellini; Jofe, Ely do Amparo e Dario; Sabará (Iêdo), Maneca, Ademir Menezes (Vavá), Pinga e Parodi, treinados por Flávio Costa, fora o time) – de um outro lado. Fora substrituído, pelo técnico Délio Neves, no segundo tempo. A sua nova turma, na Portuguesa de Desportos, formava assim: Cabeção; Nena e Floriano (Reinaldo); Djalma Santos, Brandãozinho e Zinho; Osvaldo (Átis), Ipojucan (Zé Amaro), Aírton, Edmur e Ortega. Quando nada, tinha um colega dos tempos de São Januário, o atacante Edmur.

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