Vasco

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

8 - A PUBLICIDADE NAS REVISTAS ESPORTIVAS BRASILEIRAS - PERMUTS (2))

 Como lemos no capítulo de ontem, a troca de favores entre o rádio e a revistas esportiva foi um dos casamentos que deram mis certo nas décadas passadas. E quem mais se casou foi a Revista do Esporte, que fez permutas com várias emissoras, não só para divulgar transmissões da turma da “latinha” nos gramados, tablados, pistas e quadras, entre outros, como, também, programas humorísticos, com leremos em um outro post.
 No rol dos parceiros da semanária do comendador Anselmo Domingos, trocou-se gentilezas com várias rádios, entre elas Panamericana-Record, de São Paulo, e as cariocas Nacional; Guanabara, Mauá, Vera Cruz; Mauá; Mayrink Veiga, Tupi e a a Emissora Continental, a única que não usava o nome rádio.
 Os anúncios eram sempre idênticos. Por uma página inteira colocava-se fotos e nomes dos integrantes da equipe, frases valorativas do trabalho, slogan e, as vezes, nomes de patrocinadores. Em 1969, durante a penúltima temporada da RE, o recado da estatal Rádio Nacional do Rio de Janeiro era o mais simples possível, dentro do esquema citado acima. Dispensava fraseados e preferia dizer que “O Brasil torce com a Nacional”, citando os patrocinadores Companhia Fiat Lux de Fósforos de Segurança e a também estatal Petrobras – Petróleo Brasileiro S.A.
 Evidentemente, ouvinte assíduo de programas e jornadas esportivas sabia do nome de todos os membros de uma equipe. Era preciso, porém, prestigiá-los dentro dos anúncios, que abriam as sessões de fotos com a principal estrela da casa, caso do narrador Jorge Curi, da Nacional. E o seu rosto (nunca havia foto de corpo inteiro) era acompanhado, em sequência, pelos dos colegas José Sobrinho, Zoulo Rabelo, Paulo César Tenius, Moysés Maciel, Márcio de Sousa, Pedro Paradella, Valdir José e José Rezende.

EM SEUS PRIMEIROS TEMPO, a RE trocou muitas figurinhas com a Emissora Continental, deixando a impressão de que os seus jornalistas criaram grande afeição ao narrador Waldir Amaral, tornando-o “speaker” mais prestigiado pela redação do comendador, pois era mais anunciado do que a sua equipe. Ou um agência publicitária preparava estas duas peças que você vê. Da época em que ele já estava na Rádio Globo-JR. Sua caricatura saía acompanhada por fotos de lances de jogos e que, com certeza, ganhariam premiações, caso as disputassem. Considerações parecidas dispensavam-se a aos locutores Oduvaldo Cozzi, da Mayrink Veiga, e Orlando Baptista, da Mauá, ambas também cariocas. Ganhavam fotos abertas, em destaque, mas nunca com as imagens encartadas das divulgações de Waldir.
Cozzi fazia transmissões
 marcantes, inesquecíveis
 Quando colocava o rosto “do vibrante Waldir Amaral” dentro de uma bola, a RE estendia  a divulgação à TV Continental (Canal 9), que prometia “no seu receptor as mais empolgantes partidas de futebol no Brasil ou no exterior”, avisando que 1959 seria o seu ano, isto é, iria lutar forte contra a concorrência.
A troca de gentilezas incluía divulgação, também, do programa “Basquete em Foco”, que Noli Coutinho (colunista/repórter da RE) apresentava na emissora “100% esportiva e informativa”, sob patrocínio da aguardente Praianinha que, no entanto, colocava os seus anúncios mais criativos e alegres na Manchete Esportiva, muito provavelmente, porque encontrava espaço maior – a RE media 27cm de altura, por 18,5 de largura, enquanto a ME tinha 34,5cm x 25,5cm. É muito provável, também, que a Alpargata,  o Brim Coringa e os Encerados Locomotiva preferissem, pelo mesmo motivo da maior visibilidade,  divulgar as suas jornadas esportiva, pela Rádio  Bandeirantes-SP, na revista esportiva de Adolph Bloch – ele publicava, também, a magazine Manchete, semanal, divulgando de tudo.
 
Craque na bola, Leônidas, por aqui,
 não era o principal  
A TABELINHA ENTRE a Revista do Esporte e a Continental foi longe. Quando o grupo radiofônico já era comandado por Carlos Marcondes, na década-1960, os anúncios diziam que sintonizar a emissora seria um “Goooolaço” e que  “o fiel relato é nosso: a vibração é sua”. Garantia mais: “Você sintoniza os 1.030 quilociclos e logo sabe de tudo sobre esportes! É a maior equipe especializada do Rádio (com R maiúsculo) brasileiro às usas ordens!” – nas fotografias, Carlos Marcondes e Clóvis Filho exibiam bigodes iguais aos de alguns atores de filmes hollywoodianos antigos, do que estavam fora Avelino Dias, Osvaldo Moreira e Luís Fernando, os outros brindados com imagens – Wagner Luís, Batista Júnior, Orlando Augusto, Pedro Paradella, Jaime Barreto, Otton Corrêa, Moisés Simas, Ackim de Sousa, Milton Salles (futuro criador da Editora Gol, lançadora de livros sobre o futebol brasileiro, o que era raro, antes da década-1990)  e Ivo Sutter completavam a numerosa equipe radiofônica.    

PELA PRH-8, RÁDIO MAUÁ, os anunciantes citados na permuta eram Black Triunfo, “a melhor cerveja preta” – depois, a Caracú, “a cerveja dos esportistas” ocupou o espaço – e os Calçados Souto, “que há noventa anos calçamos elegantes do Brasil”. Alguns anúncios traziam fotos de toda a equipe – Ademar Pimenta, Meyller Gonçalves, Trinitário Albacete, Oswaldo Moraes, Josadibe Jappour, Edyr Saraiva e Oswaldo Baptista (irmão de Orlando) – e outros tinha apenas a estrela Orlando reluzindo só pelo rosto, sem empunhar o microfone, o que ocorria, igualmente, com Oduvaldo Cozzy dentro de peças que não deixavam de citar o patrocínio da Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga e dos Calçados Makerly.
Telê Santana comentava para este time
  A parceria veio pelas proximidades do final da semanária, quando mais de 500 edições já haviam sido tiradas. O anúncio era até simpático,  convidando o ouvinte a estar “presente em todas as jogadas!”. Exibia desenhos do Maracanã (antigo, evidentemente), voleibol, automobilismo, basquetebol, boxe e turfe – além da foto (em destaque) do chefe da equipe, Dárcio Campello, e dos companheiros Wanderley Ribeiro, Hevâni Silva, Wilson de Oliveira, José Carlos, Aníbal Ferreira e Alberto Porto. “E mais a participação de Walter Luiz,  Eldo Lins, J. Souza  e Wanderley Ribeiro (já citado e incluído no texto publicitário)”, convidando: “Ouça, também, diàriamente (escrevia-se assim), a partir de 20.35 hs, ‘Falando de Esportes’, com os últimos acontecimentos esportivos do Brasil e do mundo, e às sextas-feiras, a partir das 21.00hs, tudo sobre futebol de salão com (sem a vírgula) o ‘Beque Parado’ Washington Rodrigues” – futuro “Apolinho”, de sucesso como repórter da Rádio Globo-RJ e até como treinador do time principal do Flamengo, durante a gestão do presidente Kléber Leite (já era empresário n ramo da comunicação), que fora, antes, repórter, na Rádio Tupi-RJ.    

AS PARCERIAS DA RR informam aos pesquisadores quais foram os primeiros futebolistas, de dentro e de fora dos gramados, que passaram para a “latinha”. Como lemos acima, a Mauá teve como comentarista Ademar Pimenta, o treinador da Seleção Brasileira da Copa do Mundo-1938, na França, quando o atacante Leônidas da Silva foi chamado de “Homem Borracha”,  voltou com o principal artilheiro, marcando 8  gols, e virou o “Diamante Negro”. O mesmo Leônidas, que tornara-se comentarista esportivo logo depois de encerrar a carreira, em 1950, e aparece nas parceria do comendador como comentarista da Rádio Panamericana-Record-SP, falando por 620 kc na primeira, e em 1.000 kc, na segunda, para “A Academia Esportiva do Rádio”, membro de uma turma, de 1966, que reunia mais Darcy Reys, Braga Junior, Joseval Peixoto, Claudio Carsughi e Orlando Duarte.
Em seu recado, as emissoras diziam oferecer ao torcedor brasileiro as “maiores emoções do futebol bi-campeão (escrevia-se assim) do mundo”, onde quer que ele esteja. E prosseguiam: “Pela Pan ou pela Record, o futebol é de primeira com a Academia Esportiva do Rádio sob  o comando de Braga Júnior e Darcy Reis! Faça a prova...”, desafiava. Como era costume prestigiar mais os chefes de equipes, Leônidas aparecia como terceiro destaque, afinal Darcy e Braga eram mais craques que ele nesse lance.    

Este anuncio foi colocado em uma revista...
 
SEGURAMENTE, poucos sabem que Telê Santana, que foi atacante do Fluminense e treinador da Seleção Brasileira, em duas Copas do Mundo-1982/86, também já chegou na "latinha". Em 1966, permuta da Rádio Tupi com a RR mostrava a sua foto como integrante  da "Equipe G-3, sob o comando de Doalcei Camargo com os mellhores locutores e comentaristas do rádio esportivo brasileiro", no caso, Benjamin Wright e Mário Vianna (ambos de arbitragens), Affonso Soares, Waldemar de Barros, Orlando Campos, Wilson |Lucas, José Resende e Roberto Alves. Com eles, garantia o anúncio permutado, "Rádio é tupi, som é Philips". 
... em que o patrocinador teria maior visibilidade.
                
SE TODA EMISSORA se dizia a tal no esporte, era natural que a Rádio Guanabara, pelos seus 1.360 kc, fizesse o mesmo dentro de sua parceria com a RR. Teve estampado por um dos seus anúncios de 1963, uma foto marcante do jogo em que o escrete canarinho virou o placar e eliminou a Espanha da Copa do Mundo-1962, no Chile, eslogando: Futebol é com a Guanabara”. E anunciava as suas “feras” – Doalcei Carmago (narrador e estrela maior do bloco), José Dias (criador da primeira agência noticiosa esportiva brasileira, a Sport Press”), João Saldanha (futuro treinador do selecionado nacional, em 1969), Mário Vianna (ex-árbitro e participante da Copa do Mundo-1954, na Suíça), Vitorino Vieira, Geraldo Serrano, Otávio Neme, Sérgio Paiva, Halmalo Silva, Fernando Carlos, Arnaldo Moreira, Alfredo Raimundo, Luís Bayer, Rujany Martins, Moisés Maciel e Paulo César Tenius, que iam ao ar por “gentileza dos revendedores Firestone (pneus) e Cizano (bebida).
 Como lemos, muitos anúncios veiculados nas revistas esportivas eram o que hoje considera-se politicamente incorretos, colocados onde são incompatíveis com o meio, o esportivo.       
                                                                                                                                                              

Um comentário:

  1. No tempo em que Dodô jogava no Andaraí, nossa vida era mais fácil de viver, assistência era passe pro gol, o ataque era a melhor defesa.. coisas como "jogar com o regulamento embaixo do braço", "falta inteligente", "bola parada" não tinham tanta importância. A gente jogava e deixava jogar. O futebol não era o que é hoje. Como dizia o Nelson Rodrigues: saúde de vaca premiada".

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